"Os carregadores só fazem aquilo que o carro manda" - António Ferreira, CEO da Smotion

14 de novembro de 2022 por

Nesta edição do Entrevistas Sem Escape estivemos à conversa com António Ferreira, Founder e CEO da Smotion. A Smotion é uma empresa especialista no comércio e instalação de sistemas de carregamento de carros elétricos e nasceu da ideia de consciência ambiental e de criar tecnologia a pensar nas pessoas. Podes encontrar os produtos da Smotion na nossa loja.

O Founder e CEO António Ferreira fala-nos da criação da Smotion, dos carregadores e do mercado atual dos veículos elétricos.



Como é que nasceu a Smotion?

A Smotion nasceu há 5 anos atrás. Eu [António Ferreira] sou engenheiro de profissão, não tem nada a ver com eletrónica, eu sou engenheiro mecânico. Eu era responsável, há uns 6 anos atrás, pelas autoestradas da A28. Trabalhava na concessionária, era o responsável da fiscalização da parte da autoestrada e, na altura, o grupo para quem eu trabalhava decidiu vender metade da empresa a investidores e quando ocorreu essa venda aos investidores, estes, a primeira coisa que fizeram, foi descartar as pessoas que tinham os salários mais altos. E eu, na altura, infelizmente, era um dos que tinham salários mais altos. Fui convidado a sair, fiz o acordo todo com eles e disse “e então agora o que é que vou fazer?”, “Vou na mesma para a minha área? Não vou?”. [Eu] já andava com esta ideia dos carros elétricos, já andava muito atento e pensei então é desta que vou criar uma empresa. E surgiu, assim, a Smotion. Na altura, fui eu que entreguei o projeto ao centro de emprego, eles adiantaram-me o valor todo que eu tinha a receber todo de uma vez para eu poder abrir a empresa e a Smotion nasceu assim.



A Smotion nasceu como uma loja ou produção de carregadores? Qual era a ideia inicial do projeto?

Nasceu mesmo já virado para a mobilidade elétrica. Naturalmente, a componente de instalar [carregadores para veículos elétricos] fazia parte, mas a intenção sempre foi a mobilidade elétrica, o desenvolver tecnologia à medida das pessoas, porque nós não fazemos aqui só carregadores, mas também desenvolvemos qualquer tipo de tecnologia eletrónica à medida do cliente. E foi com esse intuito.



Ao longo destes cinco anos, houve uma grande evolução nesta área da mobilidade elétrica. Como é que foi evoluindo o mercado dos carregadores para os veículos elétricos?

No início, a evolução foi um bocado lenta, porque o elétrico ainda era um tabu, era uma coisa muito esquisita, “e depois onde carrego?”, até que aos poucos o mercado foi se abrindo. Começou a haver mais oferta em termos das marcas de automóveis, depois as pessoas começaram-se realmente a convencer-se que, afinal, isto tinha “pernas para andar”. Mas os primeiros dois anos e meio foi lento, depois deu um disparo. Entretanto, também houve o Covid pelo meio e houve ali uma paragem pequena, mas, este ano e um pouco o ano passado, foi quando começou a disparar.


O António acredita que os elétricos possam ser “sol de pouca dura” ou vieram para ficar?

Neste momento, existem dois tipos de tecnologia que se falam muito: uma é a parte elétrica e outra é o carro a hidrogénio. O hidrogénio realmente é bom, é diferente e permite outras autonomias, o problema do hidrogénio é que as infraestruturas são brutalmente muito caras, é brutal mesmo. E penso que mediante isso, as marcas acabaram por optar e seguir a evolução da tecnologia pela mobilidade elétrica, pelos carros elétricos, neste caso a bateria total.



Quanto tempo levará até haver uma proliferação maior dos carregadores, tanto públicos como privados?

Carregadores Particulares ainda vai demorar muitos anos, sou sincero, porque, neste momento, o grande problema que está a existir, não digo em moradias ou em casas térreas, mas sim em condomínios, é que os condomínios não estão preparados para ter tanta potência para as necessidades do utilizador do veículo elétrico. E isso vai atrasar um bocadinho a transição. Vai [acontecer], mas é aos poucos.



Enquanto CEO de uma empresa de carregadores para veículos elétricos, o que é que ainda falta dizer ou o que é que as pessoas ainda precisam de entender acerca dos carregadores?

Vou dizer como costumo dizer e explicar aos meus clientes. Em termos de vocabulário não é o mais correto, mas é assim, é a verdade e é a melhor forma das pessoas entenderem. O carregador não tem nenhum bicho de sete cabeças. O carregador o que faz é que recebe com maior potência e envia para o carro com maior potência. Todos os carregadores do mercado, e não há ninguém que possa dizer que não, os carregadores são todos burros, os carregadores não pensam, não fazem nada. Os carregadores só fazem aquilo que o carro manda. Portanto, no fundo, o cérebro do carregamento é o carro em si e nunca é o carregador. O carregador tem um fiozinho de comunicação [com o carro] que diz assim “agora dá-me corrente a 10 amperes” ou "dá-me corrente a 16 amperes” ou “agora não me dês nada”, mas é sempre o carro que comanda e não o carregador. O carregador só está ali para fazer o que o carro lhe diz. É um auxiliar.


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