"É essencial que consigamos desburocratizar o processo para que os operadores se sintam confortáveis para investir" - José Sacadura | Power Dot

13 de maio de 2022 por

A Power Dot defende que “um mundo mais sustentável depende de uma mobilidade mais elétrica”. Como consideram estar a ser a transição para um tipo de mobilidade mais sustentável em Portugal? 

A mobilidade elétrica em Portugal tem um histórico - começou com a rede piloto MOBI.E há mais de uma década. O impulso foi com a projeção desta rede piloto em vários municípios com carregadores de acesso público e havia até o incentivo de carregamentos gratuitos para os utilizadores de veículos elétricos. Deu-se uma transição para um modelo de negócio onde os operadores privados começaram também a entrar neste mercado e a fazer a proliferação da infraestrutura de carregamento de veículos elétricos. Aqui entra a Power Dot como um operador 100% focado na mobilidade elétrica que tem como objetivo fazer o investimento, a instalação e a operação de pontos de carregamento de veículos elétricos essencialmente em espaços de acesso público, ou privados de acesso público ( como supermercados, centros comerciais, restaurantes, retail parks, ginásios, hospitais, parques municipais…). Ou seja, tudo o que tem acesso público é para nós uma oportunidade para investir, instalar e operar carregadores. Para tal, há uma solicitação ao parceiro que ceda estes lugares de estacionamento para poder ter serviço adicional nos mesmos. No geral, temos assistido a um crescimento exponencial no mercado, acompanhado quer pela venda de veículos elétricos quer pelas infraestruturas de carregamento - tem havido um grande esforço de investimento dos vários operadores. Em Portugal, mas também lá fora, temos tido métricas bastante interessantes em termos de evolução de mercado. Ainda assim, acredito que possamos fazer mais para que a transição possa ser rápida - nomeadamente com melhores incentivos para as frotas, particulares, empresariais, na aquisição dos veículos elétricos e também no processo de investimento e de instalação dos pontos de carregamento para que seja facilitado e menos burocrático. Conjugando estas duas vertentes, acredito que o mercado vá crescer cada vez mais e mais rápido. Estamos num bom caminho mas ainda podemos estar num muito melhor caminho. Podemos ser um exemplo na mobilidade sustentável a nível europeu e quem sabe também a nível mundial. 




Como tem sido o crescimento do mercado de carregadores em Portugal desde a iniciação da Power Dot?

Tem vindo a crescer exponencialmente. No princípio não crescia tanto, os carregamentos eram gratuitos. Quando começou a fase de serem cobrados aos utilizadores, os operadores começaram a proliferar ainda mais, há aqui um incentivo para que haja mais investimento. Nos últimos anos temos assistido a isso - a rede pública de 2020 para 2021 cresceu cerca de 65% em termos de oferta de carregadores de veículos elétricos. Há uma democratização na oferta dos carros elétricos e há também um crescimento exponencial de infraestruturas de carregamento.  



Consideram que Portugal tem as infraestruturas necessárias, no que toca a postos de carregamento, para satisfazer a crescente necessidade do público?

Acho que estamos num bom caminho mas que podemos melhorar. Havendo mais infraestruturas vão haver mais carros; ao aumentar o número de carros tem que haver infraestruturas. É essencial que consigamos desburocratizar a fase de instalação, de investimento e também toda a parte da operação para que os operadores se sintam confortáveis em investir, operar e instalar carregadores com os seus parceiros.  




Em que aspetos é que a existência de carregadores não apenas em casas particulares mas também em parques de estacionamento pode ser vantajosa para utilizadores de veículos elétricos?

A rede pública vem dar resposta a todas as empresas e particulares que não têm possibilidade de carregar os seus veículos ou nos escritórios ou nas casas - nem todos os escritórios nem casas têm garagens. É importante também para caminhos de longo alcance em que é preciso carregar as viaturas antes de chegar ao seu local de destino. Portanto, é essencial que haja este tipo de infraestrutura para que as pessoas possam carregar o seu carro ou quando vão às compras, ou quando vão a uma consulta ou quando vão ao ginásio. A rede pública tem, então, um papel muito importante nesta transição para a mobilidade elétrica e sustentável.



Os preços dos carregamentos públicos estão a subir, o que acaba por prejudicar bastante esta transição. A Power Dot reconhece isso ou é apenas algo temporário que pode facilmente ser ultrapassado?

Acredito que seja algo temporário. Não é novidade que os preços subam por circunstâncias macroeconómicas e também por algumas decisões que foram tomadas ultimamente. Acredito que seja temporário porque se os países realmente estão interessados numa transição energética, não é assim que a vamos fazer - com preços muito elevados. Deve existir uma evolução gradual para que consigamos ter energia a preços competitivos e acredito que é isso que vai acontecer a curto prazo. Deve haver interesse por parte de quem toma estas decisões, nomeadamente os governos e executivos, para incentivar que haja uma transição faseada. Há uma grande vontade de toda a gente, de todos os stakeholders envolvidos, o cliente final, os governos, os investidores, operadores, os comercializadores de energia, para que isto aconteça. Vai estabilizar, vai ter que ser competitivo para que as pessoas possam fazer a sua transição para a mobilidade elétrica. O serviço tem que ser sustentável economicamente e ambientalmente. Acreditamos que o futuro está na mobilidade elétrica, há uma vontade de todos e agora é pôr as “mãos na massa” para que isso se concretize. 



Quando comparamos Portugal a tantos outros países europeus, Portugal está aquém no que toca a apoios para utilizadores de veículos elétricos.

Estamos abaixo do que tem sido feito noutros mercados mas ainda assim há uma grande parte da população portuguesa que acredita muito nesta temática da sustentabilidade e do ambiente - mesmo que às vezes seja um esforço. Mas podemos fazer ainda mais. Estes apoios vêm dar resposta ao facto dos veículos elétricos serem ainda um pouco caros em termos de custos de aquisição, relativamente a veículos a combustão. Ainda assim, acredito também que os produtores de automóveis, quando começarem a produzir em larga escala e quando começarem a ter a sua mão de obra e os seus recursos direcionados para a mobilidade elétrica - o que tem acontecido ultimamente -, os preços vão ficar cada vez mais competitivos. Acreditamos que no futuro talvez já nem seja necessário ter tantos incentivos. 




A instalação de carregadores no exterior pode ser, também, vantajosa para a captação de novos públicos?

Sim, uma vez que permite que haja uma visibilidade grande de quem passa. Se for a um supermercado e tiver lá postos de carregamento pensa “isto está a acontecer, se calhar já consigo mudar mesmo que não tenha garagem em casa. Se calhar quando for às compras, ou ao ginásio ou à minha consulta, tenho sempre sítio onde carregar graças ao suporte da rede pública.” Os postos no exterior têm este benefício.



O facto da maior parte da população ainda viver em prédios é um entrave? 

Os novos prédios já têm alguma reserva nas potências para colocar este serviço nas garagens - o que também é um incentivo para a proliferação da infraestrutura de carregamentos. Ainda assim, muitos sítios não têm garagens e muita gente não consegue ter carregadores nas suas casas. A rede pública vem dar resposta a esse público que ainda representa um peso na população.



Qual a razão para a estratégia da marca se focar apenas no mercado exterior e não incluir carregadores domésticos? Consideram este apenas um nicho de mercado?

A Power Dot tem um modelo de investimento, instalação e operação de pontos de carregamento da rede pública - sempre foi este o nosso foco. Queremos dar resposta neste mercado, dar apoio a estas pessoas que não têm essa possibilidade de carregar. Há uma panóplia de sítios em que as pessoas fazem a sua vida e que têm que ter esta resposta e é muito nisso que a Power Dot está focada. 



Quais são as projeções da Power Dot relativamente ao futuro da mobilidade elétrica e dos carregadores em Portugal?

Em relação ao futuro da mobilidade elétrica, acreditamos que está para ficar e para crescer e que todos os stakeholders envolvidos têm que estar incentivados para que isso aconteça. É necessário que consigamos trabalhar todos em conjunto, todas as entidades envolvidas neste mercado para fazermos esta transição para a mobilidade elétrica - com a desburocratização na fase de investimento e instalação e com mais incentivos para a aquisição e para a operação das frotas. Os produtores automóveis também têm dado uma grande resposta neste sentido com cada vez mais oferta de veículos elétricos - guiá-los também é um conforto muito grande. A Power Dot está focada em fazer crescer a rede pública.


Sabe mais sobre a Power Dot aqui.


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